Filme sobre resistência à ditadura militar brilha no Prêmio Grande Otelo 2025

Na 24ª edição do Prêmio Grande Otelo, realizado nesta quarta-feira (30) na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, dominou as categorias principais, destacando temas de resistência política durante a ditadura militar brasileira. A obra, baseada na história de Eunice Paiva e sua busca pelo marido Rubens Paiva, desaparecido em 1971, levou prêmios como melhor longa-metragem de ficção, melhor direção, melhor atriz para Fernanda Torres e melhor ator para Selton Mello. Em discursos emocionados, Salles e os atores enfatizaram a importância de retratar a recusa ao melodrama e o espírito de luta contra o autoritarismo, ecoando paralelos com os desafios atuais de insegurança e medo no país.

Fernanda Torres, ao receber o troféu, destacou como o papel de Eunice Paiva a transformou, descrevendo-a como uma “grande brasileira” que enfrentou uma época de repressão semelhante à contemporânea, e agradeceu a Salles por evitar sentimentalismos na narrativa. Selton Mello, em sua primeira indicação, comparou o filme ao “corpo” de Rubens Paiva, simbolizando a ausência dos desaparecidos políticos. Outros prêmios incluíram melhor trilha sonora para Warren Ellis, representado por Salles, que elogiou a incorporação da resistência na música.

A cerimônia, apresentada por Isabel Fillardis e Bárbara Paz, homenageou a trajetória do cinema brasileiro, desde a era de Carmen Miranda até produções atuais, com apresentações musicais que reforçaram mensagens de superação e crítica social. Sérgio Machado venceu em categorias de documentário e animação, enquanto o prêmio de melhor longa infantil foi para “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”. Salles dedicou o prêmio final a José Carlos Avellar, crítico falecido em 2016, sublinhando o papel do cinema em preservar memórias coletivas de períodos autoritários.

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