Centenas de familiares, amigos e fãs se reuniram na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, na noite de sábado (9), para homenagear o cantor e compositor Arlindo Cruz. O velório, que começou às 18h, incluiu uma cerimônia para os orixás conduzida pelo terreiro Ilê Osè Yobá, em Nova Iguaçu, refletindo as raízes espirituais do artista, filho de Xangô. Em seguida, uma roda de samba com sucessos de Arlindo animou a madrugada, com distribuição de chopp, em um ritual conhecido como gurufim, de origem africana, marcado por música, dança, comida e bebida.
Arlindinho Neto, filho do sambista, emocionou os presentes ao cantar “O show tem que continuar”, composição do pai em parceria com Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, do grupo Fundo de Quintal. Ele destacou os ensinamentos de luta e perseverança deixados por Arlindo, prometendo honrar seu legado. Outras personalidades, como o coreógrafo Carlinhos de Jesus, que compareceu em cadeira de rodas, e o compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, elogiaram a genialidade e generosidade do artista, enfatizando sua influência no samba e na cultura brasileira.
A vice-presidente do Império Serrano, Paula Maria, compartilhou memórias pessoais, lembrando que Arlindo gravou “Estrela de Madureira” em sua casa, marcando um ponto de virada em sua carreira como cantor. O imperiano Wagner Francisco, de 64 anos, comparou Arlindo a ícones como Roberto Ribeiro e Dona Ivone Lara, destacando suas contribuições com mais de dez sambas-enredo para a escola. As homenagens na quadra encerram às 10h de domingo (10), seguidas de uma despedida íntima e sepultamento no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Programas da TV Brasil, como “Samba na Gamboa” e “Sem Censura”, exibiram edições em homenagem a Arlindo, com participações de familiares e especialistas, reforçando seu legado na música popular brasileira.