O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 24 horas para que os advogados de Jair Bolsonaro expliquem a desobediência à determinação de não dar entrevistas ou fornecer conteúdo para redes sociais. Bolsonaro, após cancelar uma coletiva de imprensa devido a consultas de seus defensores à Corte, foi fotografado com uma tornozeleira eletrônica e fez um discurso, desafiando a ordem de Moraes. No despacho, Moraes esclareceu que a proibição inclui a veiculação de qualquer material em redes sociais próprias ou de terceiros, e que burlar essa medida pode resultar em prisão imediata.
Bolsonaro afirmou que não cometeu crimes como roubo, desvio de recursos públicos, homicídio ou tráfico, e descreveu a tornozeleira como um símbolo de humilhação. O discurso foi amplamente compartilhado, inclusive por seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro, e por deputados como Nikolas Ferreira, Mauricio do Vôlei, André Fernandes, Zé Trovão e Sóstenes Cavalcante, que publicaram fotos com Bolsonaro usando a tornozeleira.
Na última sexta-feira, Moraes havia detalhado as medidas cautelares, incluindo a proibição de uso de redes sociais. No mesmo dia, Bolsonaro, ao colocar a tornozeleira, alegou estar sofrendo uma “perseguição implacável”. A situação lembra a imposta a Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, quando foi proibido de dar entrevistas, mas essa proibição foi posteriormente revertida. O encontro de Bolsonaro na Câmara dos Deputados serviu para fortalecer o apoio à anistia dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e para cerrar fileiras contra Moraes e o STF.