PF indicia Bolsonaro e filho por coação em investigação sobre trama golpista

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo que investiga a participação do ex-chefe do Executivo em uma tentativa de golpe contra a democracia. O relatório de 170 páginas aponta que pai e filho atuaram em conjunto com o jornalista Paulo Figueiredo e o pastor Silas Malafaia para interferir na ação penal em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Com base no documento, o ministro Alexandre de Moraes determinou busca e apreensão contra Malafaia, além de medidas restritivas como a retenção de seu passaporte e proibição de contato com os Bolsonaro. Moraes também encaminhou o relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR) para manifestação e exigiu que a defesa de Bolsonaro explique, em 48 horas, descumprimentos de medidas cautelares e o risco de fuga, citando um pedido de asilo político à Argentina recuperado nos celulares do ex-presidente.

O relatório da PF revela que Bolsonaro e Eduardo usaram contas bancárias de suas esposas, Michelle Bolsonaro e Heloísa Bolsonaro, para transferir R$ 2 milhões e mascarar recursos destinados a atividades no exterior, visando evitar bloqueios judiciais. Além disso, os investigadores encontraram uma minuta de pedido de asilo político dirigida ao presidente argentino Javier Milei, datada de fevereiro do ano passado, na qual Bolsonaro alega perseguição por motivos políticos. Segundo a PF, o plano visava impedir a aplicação da lei penal brasileira. Eduardo Bolsonaro negou, em nota no X, qualquer tentativa de interferir no julgamento do pai, afirmando que suas ações nos Estados Unidos visavam o restabelecimento de liberdades individuais via legislativa, como um projeto de anistia no Congresso.

O pastor Silas Malafaia foi alvo de operação de busca e apreensão no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde agentes federais apreenderam seus celulares após um voo de Lisboa. O relatório indica que Malafaia orientou Bolsonaro a descumprir medidas cautelares do STF, incluindo o uso de redes sociais, e instigou ações para pressionar o tribunal. Gravações mostram o pastor sugerindo frases e estratégias para publicações. Após depoimento, Malafaia criticou Moraes, chamando-o de “criminoso” e denunciando um suposto crime de opinião. O documento também registra uma troca de mensagens em que Eduardo xinga o pai após ser chamado de “imaturo”, mas depois se retrata.

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