Produção industrial brasileira cresce tímido 0,1% em junho, pressionada por juros altos e tarifas dos EUA

A produção industrial do Brasil registrou um leve crescimento de 0,1% de maio para junho, interrompendo uma sequência de dois meses de quedas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pela Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do resultado positivo, o setor acumula expansão de 1,2% em 2025 e de 2,4% nos últimos 12 meses, mas apresenta queda de 1,3% na comparação com junho de 2024. O gerente da pesquisa, André Macedo, atribui o ritmo lento à política monetária restritiva do Banco Central, com juros elevados para combater a inflação, que em junho atingiu 5,35% em 12 meses, acima do teto da meta governamental de 4,5%.

Macedo destacou que a taxa Selic, em trajetória de alta desde setembro do ano passado e atualmente em 15% ao ano, tem esfriado a economia e reduzido a intensidade da produção industrial. Além disso, incertezas no cenário internacional, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos sob o presidente Donald Trump, impactam negativamente o planejamento das empresas brasileiras. No primeiro semestre, iniciou-se uma cobrança adicional de 10% sobre produtos importados, com aumento para 40% previsto para agosto, afetando exportações e a competitividade do setor.

Das 25 atividades industriais analisadas, 17 registraram alta em junho, com destaque para veículos automotores (2,4%), metalurgia (1,4%) e celulose e papel (1,6%). No entanto, quedas em indústrias extrativas (-1,9%), produtos alimentícios (-1,9%) e derivados de petróleo (-2,3%) pesaram no resultado geral. A produção está 2% acima do patamar pré-pandemia, mas 15,1% abaixo do pico histórico de maio de 2011, refletindo desafios persistentes no contexto de políticas econômicas e tensões comerciais globais.

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