A Coreia do Norte abriu em 1º de julho a Zona Turística Costeira de Wonsan Kalma, promovida como um pilar das ambições do líder Kim Jong Un para impulsionar o turismo e revitalizar a economia do país, afetada por sanções internacionais. Inicialmente planejado para atrair visitantes locais e estrangeiros, o resort agora recebe apenas turistas russos de forma temporária, com três grupos já tendo visitado o local. Essa exclusividade reflete os laços crescentes entre Pyongyang e Moscou, especialmente após o apoio norte-coreano à guerra russa na Ucrânia, e serve como meio para fortalecer relações bilaterais em meio a restrições globais.
Anastasia Samsonova, uma gerente de relações públicas de 33 anos que integrou o primeiro grupo, descreveu à BBC suas férias como “sem gente”, destacando praias imaculadas com areia perfeitamente nivelada e espreguiçadeiras novas. O tour, organizado pela agência russa Vostok Intur, incluiu estadias em hotéis quatro estrelas e visitas a Pyongyang, mas com alterações inesperadas, como viagens de trem em vez de avião. Os turistas desfrutaram de quatro dias na praia, com temperaturas de 35°C, e observaram restrições rígidas, como proibições a fotos de construções e movimentos controlados por guias e seguranças para evitar interações com locais.
Especialistas como o professor Andrei Lankov apontam que as sanções impostas entre 2017 e 2019 frustraram planos de abertura econômica, levando Pyongyang a limitar o acesso de estrangeiros para prevenir influências externas indesejadas. Mesmo aliados como a China enfrentam barreiras, enquanto o turismo russo cresce modestamente, com cerca de 1,5 mil visitantes em 2024. O pacote de oito dias custa até US$ 2,2 mil por pessoa, incluindo guias falantes de russo, mas o resort, com capacidade para 20 mil, ainda opera de forma controlada, sem acesso pleno a atrações como parques aquáticos.
Apesar das restrições, como alto custo de internet e itinerários fixos, turistas como Samsonova valorizam a exclusividade exótica, contrastando com destinos lotados como a Tailândia. O projeto, iniciado em 2018, enfrenta críticas de grupos de direitos humanos por supostas condições precárias de trabalho, mas representa uma aposta estratégica de Kim Jong Un para diversificar receitas em um contexto de isolamento internacional.