Uma fruta de origem boliviana, a achachairu, começa a ganhar espaço no Brasil, embora ainda seja pouco conhecida no mercado doméstico. Pertencente à mesma família do mangostão, ela tem boa parte de sua produção destinada à exportação. O produtor Abel Basílio de Souza Neto, de Itarana, no Espírito Santo, iniciou o cultivo em 2007 com 600 árvores em consórcio com café, expandindo para mais de 3 mil árvores que renderam 50 toneladas na última safra. Segundo ele, mais de 50% da produção vai para a União Europeia, Canadá, Oriente Médio e Ásia, onde a fruta é mais valorizada do que no Brasil.
A estratégia de crescimento lento visa construir demanda, mas o desconhecimento interno é um obstáculo. No mercado brasileiro, as vendas concentram-se em São Paulo, com o Ceagesp definindo preços, que variaram de R$ 55 a R$ 40 por quilo na última safra. A produtora Renata Fernandes, de Araçatuba (SP), cuida de um pomar com 480 árvores iniciado por seu pai há 13 anos, destinando 70% da produção à rede Oba Hortifrúti e iniciando exportações para a França. Ela destaca a necessidade de colheita manual no ponto exato, com produtividade de cerca de 2 mil frutos por árvore.
De acordo com o pesquisador José Edmar Urano de Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, não há linhas de pesquisa sobre a achachairu no Brasil, onde o cultivo começou há cerca de 20 anos. A fruta prefere temperaturas entre 25 e 35 graus Celsius e tem sabor apreciado, com toque ácido. A Bolívia é a maior produtora mundial, com 2 mil hectares em Santa Cruz e safra de 100 toneladas anuais, impulsionada por pesquisas da agência japonesa Jica. No Brasil, há pomares em estados como Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Pernambuco, mas a oferta restrita limita a expansão interna.