A escalada nos preços do café no mercado internacional, com aumento superior a 80% em dois anos, tem impulsionado a valorização das terras dedicadas à cafeicultura em diversas regiões do Brasil. Segundo levantamento da S&P Global Commodity Insights, o preço médio das terras para café subiu 3,21% entre abril e junho deste ano, comparado ao mesmo período de 2023, atingindo R$ 58,52 mil por hectare. Em três anos, o acumulado chega a 32,7%. Fatores como a oferta limitada de áreas disponíveis e o crescente consumo global do produto contribuem para esse cenário, conforme analisam especialistas.
Estados como a Bahia registraram a maior alta anual, de 9,2%, com preço médio de R$ 23,75 mil por hectare, indicando potencial para expansão. Já Minas Gerais e São Paulo, principais produtores de café arábica, apresentam os valores mais elevados: R$ 72,11 mil por hectare em Minas (alta de 3,18%) e R$ 80,66 mil em São Paulo (aumento de 2,33%). Em três anos, as valorizações acumularam 26,26% e 27,54%, respectivamente. Analistas Gabriel Faleiros e Leydiane Brito, da S&P, destacam que requisitos como altitude adequada, topografia para mecanização e irrigação agregam valor às propriedades.
Produtores como João Gerodo, de Santa Cruz da Prata (MG), buscam capitalizar com o momento, negociando áreas com potencial para cultivo entre Guaxupé e São Pedro da União. Outros cafeicultores no sul de Minas adiam vendas ou planejam aquisições, enquanto alguns vendem parcelas para quitar dívidas, aproveitando os preços elevados. No arrendamento, o valor médio atingiu R$ 9,45 mil por hectare em junho, com alta de 92,9% anual. Especialistas como Gustavo Fonseca, da AGBI, preveem que a volatilidade nos preços do café não afete imediatamente o mercado de terras, visto como ativo seguro.