Em um discurso na Organização Mundial do Comércio (OMC), o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty alertou sobre os riscos de tratar negociações comerciais como “jogos de poder”, o que poderia levar à instabilidade e até à guerra. Ele destacou que tarifas arbitrárias, implementadas de forma caótica, estão desestruturando as cadeias globais de valor e ameaçando lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. Essa declaração reflete a preocupação do Brasil com as políticas comerciais impostas por outros países, especialmente em meio ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos ao mecanismo de disputas da OMC.
O órgão de apelação da OMC permanece paralisado devido à recusa dos EUA em nomear novos representantes, uma situação que se agravou durante o primeiro mandato de Trump e foi mantida pelo governo Biden. Essa paralisação compromete a capacidade da organização de aplicar e fazer cumprir suas decisões, enfraquecendo o sistema multilateral de comércio. O representante brasileiro defendeu uma reforma estrutural urgente na OMC para restaurar seu papel como foro legítimo para resolver controvérsias e proteger as economias em desenvolvimento.
Diante da possibilidade de novas tarifas entrarem em vigor em agosto, o Brasil, ao lado de países como a União Europeia e o Canadá, ameaçou retaliações. O representante Gough afirmou que, se as negociações com Washington não avançarem, o Brasil recorrerá a todos os meios legais disponíveis para defender sua economia e seu povo, incluindo o sistema de resolução de controvérsias da OMC. O Brasil lidera a lista de nações notificadas por Trump com a maior tarifa proposta, de 50%, o que intensifica a urgência por apoio internacional.